Discurso do Papa Francisco aos Núncios
Amados Irmãos!
Sinto-me feliz por me encontrar novamente convosco para vermos juntos e examinarmos com olhos de pastores a vida da Igreja, e para refletirmos sobre a vossa delicada e importante missão. Agradeço a cada um de vós a presença e o serviço. Esta é a nossa terceira reunião deste tipo, na qual faço tesouro também das reflexões suscitadas pelos encontros com todos vós, aqui no Vaticano, assim como nalgumas Nunciaturas, por ocasião das recentes Viagens. Penso que no futuro se procurará convidar com uma certa regularidade inclusive os colaboradores, para que estes momentos tenham também um caráter formativo.
Pensei em partilhar hoje convosco alguns preceitos simples e elementares, que certamente conheceis bem, mas recordá-los será positivo para todos e ajudar-vos-á a viver melhor a vossa missão com o mesmo entusiasmo do primeiro mandato e com a mesma disponibilidade fervorosa com a qual iniciastes o vosso serviço.
Trata-se de uma espécie de “decálogo” que, na realidade, se destina através de vós também aos vossos Colaboradores e, aliás, a todos os bispos, sacerdotes e consagrados que encontrais em todas as partes do mundo.
1 — O Núncio é homem de Deus
Ser um “homem de Deus” significa seguir Deus em todos os sentidos; obedecer aos seus mandamentos com alegria; viver pelas coisas de Deus e não pelas do mundo; dedicar-lhe livremente todos os próprios recursos aceitando com ânimo generoso os sofrimentos que chegam como consequência da fé n’Ele. O homem de Deus não engana nem defrauda o seu próximo; não se deixa levar por coscuvilhices nem difamações; conserva a mente e o coração puros, preservando olhos e ouvidos da sujidade do mundo. Não se deixa enganar pelos valores mundanos, mas olha para a Palavra de Deus a fim de julgar o que é sábio e bom. O homem de Deus procura seriamente ser “santo e irrepreensível diante d’Ele” (cf. Ef 1, 4). O homem de Deus sabe caminhar humildemente com o seu Senhor, sabendo que tem que confiar unicamente n’Ele para poder viver em plenitude e perseverar até ao fim, mantendo o coração aberto aos desfavorecidos e excluídos pela sociedade e ouvindo os problemas das pessoas sem as julgar. O homem de Deus é aquele que pratica a justiça, o amor, a clemência, a piedade e a misericórdia.
O Núncio que se esquece que é homem de Deus arruína-se a si mesmo e aos demais; sai fora do trilho e danifica também a Igreja, à qual dedicou a sua vida.
2 — O Núncio é homem de Igreja
Sendo o Núncio Representante Pontifício, não se representa a si próprio mas à Igreja e em particular ao Sucessor de Pedro. Cristo admoesta-nos contra a tentação do servo mau: «Mas, se um mau servo disser consigo mesmo: “O meu senhor está a demorar”, e começar a bater nos seus companheiros, a comer e a beber com os ébrios, o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e à hora que ele desconhece; vai afastá-lo e dar-lhe um lugar com os hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes» (Mt 24, 48-51).
O Núncio deixa de ser “homem de Igreja” quando começa a tratar mal os seus colaboradores, os empregados, as religiosas e a comunidade da Nunciatura como um mau dono e não como um pai e pastor. É triste ver certos Núncios que afligem os seus colaboradores com as mesmas infelicidades que eles próprios sofreram de outros Núncios quando eram colaboradores. Ao contrário, os Secretários e os Conselheiros foram confiados à experiência do Núncio para que possam formar-se e florescer como diplomatas e, se Deus quiser, no futuro como Núncios.
É mau ver um Núncio que procura o luxo, vestiário e objetos “de marca” no meio de pessoas privadas do necessário. É um contratestemunho. A maior honra para um homem de Igreja é ser “servo de todos”.
Ser homem de Igreja requer também a humildade de representar o rosto, os ensinamentos e as posições da Igreja, ou seja, pôr de lado as convicções pessoais.
Ser homem de Igreja significa defender corajosamente a Igreja face às forças do mal que procuram sempre desacreditá-la, difamá-la ou caluniá-la.
Ser homem de Igreja obriga a ser amigo dos bispos, dos sacerdotes, dos religiosos e dos fiéis, com familiaridade e calor humano, desempenhando ao lado deles a própria missão e tendo sempre um olhar eclesial, ou seja, de um homem que se sente responsável pela salvação dos demais. Recordemos sempre que a salus animorum é a lei suprema da Igreja e é a base de qualquer ação eclesial.(1) Esta identidade do Núncio faz com que se distinga também dos outros Embaixadores nas grandes festas, Natal e Páscoa: quando eles se ausentam para estar com as famílias, o Núncio permanece na sede para celebrar a festa com o povo de Deus do país pois, sendo homem de Igreja, esta é a sua Família.
3 — O Núncio é homem de zelo apostólico
O Núncio é anunciador da Boa Nova e sendo um apóstolo do Evangelho tem a tarefa de iluminar o mundo com a luz do Ressuscitado, de levar Cristo até aos confins da terra. É um homem a caminho que lança a boa semente da fé nos corações de quem encontra. E quem encontra o Núncio deveria sentir-se de certa forma interrogado.
Recordemos a grande figura de São Maximiliano Maria Kolbe que, consumido por ardente zelo para glória de Deus, escreveu numa das suas cartas: "No nosso tempo constatamos, não sem tristeza, o propagar-se do “indiferentismo”. Uma doença quase epidémica que se vai difundindo de várias formas não só nos fiéis em geral, mas também entre os membros dos institutos religiosos. Deus é digno de glória infinita. A nossa primeira e principal preocupação deve ser a de lhe prestar louvor na medida das nossas forças débeis, cientes de não o poder glorificar quanto Ele merece. A glória de Deus resplandece sobretudo na salvação das almas que Cristo redimiu com o seu sangue. Disto deriva que o compromisso primário da nossa missão apostólica será o de procurar a salvação e a santificação do maior número de almas".(2)
Recordemos também as palavras de São Paulo: "Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar!" (1 Cor 9, 16). É perigoso cair na timidez ou na tepidez dos cálculos políticos ou diplomáticos, ou até no “politicamente correto”, renunciando ao anúncio.
O zelo apostólico é aquela força que nos mantém de pé e nos protege do cancro da desilusão.
4 — O Núncio é homem de reconciliação
É parte importante do trabalho de cada Núncio ser homem de mediação, de comunhão, de diálogo e de reconciliação. O Núncio deve procurar permanecer sempre imparcial e objetivo, para que todas as partes encontrem nele o arbítrio justo que procura sinceramente defender e tutelar apenas a justiça e a paz, sem nunca se deixar envolver negativamente.(3)
Sendo homem de comunicação, «a atividade do Representante Pontifício leva antes de tudo um serviço precioso aos Bispos, aos Sacerdotes, aos Religiosos e a todos os católicos do lugar, os quais encontram nele apoio e tutela, pois ele representa a Autoridade Superior, que é para benefício de todos. A sua missão não se sobrepõe ao exercício dos poderes dos Bispos, nem o substitui nem o dificulta, mas respeita-o e, aliás, favorece-o e apoia com o conselho fraterno e discreto».(4)
Se um Núncio se fechasse na Nunciatura e evitasse encontrar as pessoas, atraiçoaria a sua missão e em vez de ser fator de comunhão e de reconciliação seria um seu obstáculo e impedimento. Nunca vos deveis esquecer que representais o rosto da catolicidade e da universalidade da Igreja junto das Igrejas locais espalhadas em todo o mundo e junto dos Governos.
5 — O Núncio é homem do Papa
Enquanto Representante Pontifício o Núncio não se representa a si mesmo mas ao Sucessor de Pedro e age por sua conta junto da Igreja e dos Governos, ou seja, concretiza, atua e simboliza a presença do Papa entre os fiéis e as populações. É bom que em diversos países a Nunciatura seja chamada “Casa do Papa”.
Certamente cada pessoa poderia ter reservas, simpatias e antipatias, mas um bom Núncio não pode ser hipócrita porque o representante é um intermediário, ou melhor, uma ponte de ligação entre o Vigário de Cristo e as pessoas às quais foi enviado, numa determinada zona, para a qual foi nomeado e enviado pelo próprio Romano Pontífice.
Por conseguinte, a vossa missão é muito engajadora pois requer disponibilidade e flexibilidade, humildade, profissionalismo impecável, capacidade de comunicação e de negociação; exige frequentes deslocações de carro e viagens longas, ou seja, viver com a mala sempre pronta (no nosso primeiro encontro disse-vos: a vossa vida é como a dos nómadas).
Sendo enviado do Papa e da Igreja, o Núncio deve estar predisposto para as relações humanas, ter uma inclinação natural pelas relações interpessoais, ou seja, estar próximo dos fiéis, dos sacerdotes, dos Bispos locais, e também dos outros diplomatas e dos governantes.
O serviço do representante é também visitar as comunidades onde o Papa não consegue ir, garantindo-lhes a proximidade de Cristo e da Igreja. Assim escreveu São Paulo vi: «Com efeito, é evidente que ao movimento para o centro e para o coração da Igreja deve corresponder outro movimento, que do centro se difunda para a periferia e leve de certa forma a todas as Igrejas locais, a cada um dos Pastores e dos fiéis a presença e o testemunho daquele tesouro de verdade e de graça, do qual Cristo Senhor e Redentor nos tornou participantes, depositários e dispensadores. Mediante os nossos Representantes, que residem nas várias Nações, nos tornámos participantes da própria vida dos nossos filhos e quase que inserindo-nos nela chegamos a conhecer, de modo mais rápido e seguro, as suas necessidades e ao mesmo tempo as aspirações».(5)
Sendo “Representante”, o Núncio deve continuar a atualizar-se e a estudar, a fim de conhecer bem o pensamento e as instruções de quem representa. Tem ainda o dever de atualizar e informar continuamente o Papa sobre as diversas situações e sobre as mudanças eclesiásticas e sociopolíticas do país ao qual foi enviado. Por isso é indispensável possuir um bom conhecimento dos seus costumes e possivelmente da língua, mantendo a porta da Nunciatura e a do seu coração sempre abertas a todos.
Por conseguinte, não se pode conciliar o ser Representante Pontifício com o criticar por detrás o Papa, ter blogs ou até unir-se a grupos hostis a Ele, à Cúria e à Igreja de Roma.
6 — O Núncio é homem de iniciativa
É necessário ter e desenvolver a capacidade e a agilidade ao promover ou adotar um procedimento adequado às exigências do momento sem nunca cair na rigidez mental, espiritual e humana, nem na flexibilidade hipócrita ou camaleónica. Não se trata de ser oportunistas, mas de saber passar do conceito à execução tendo em mente o bem comum e a fidelidade ao mandato. O arcebispo Giancarlo Maria Bregantini diz que "sem motivações espirituais e sem um fundamento evangélico, todas as iniciativas a pouco e pouco colapsam, também a nível cooperativista, económico e organizativo".(6)
O homem de iniciativa é uma pessoa positivamente curiosa, cheia de dinamismo e de empreendedorismo; uma pessoa criativa e dotada de coragem, que não se deixa vencer pelo pânico em situações não previsíveis, mas sabe, com serenidade, intuito e fantasia procurar invertê-las e geri-las positivamente.
O homem de iniciativa é um mestre que sabe ensinar aos demais como abordar a realidade a fim de não se deixar levar pelas pequenas e grandes surpresas que nos reserva. É uma pessoa que tranquiliza com a sua positividade quantos atravessam as tempestades da vida.
Sendo antes de tudo um bispo, um pastor que, apesar de viver entre as vicissitudes do mundo, é chamado diariamente a dar prova de poder e de querer “ser no mundo mas não do mundo” (cf. Jo 17, 14), o Núncio, de modo intuitivo, deve saber reorganizar a informação global e encontrar as palavras justas a fim de ajudar as pessoas que se dirigem a ele para obter conselho, com a simplicidade das pombas e a astúcia das serpentes (cf. Mt 16, 16).
É necessário esclarecer que tais capacidades se adquirem pondo-se na sequela de Jesus, segundo o modelo dos Apóstolos e dos primeiros discípulos, que aceitaram a chamada com particular atenção e adesão à conduta de Jesus Cristo.
7 — O Núncio é homem de obediência
A virtude da obediência é inseparável da liberdade, pois só na liberdade podemos obedecer realmente, e só obedecendo ao Evangelho se entra na plenitude da liberdade.(7) A chamada do cristão e, neste contexto, do Núncio à obediência permanece a chamada a seguir o estilo de vida de Jesus de Nazaré. A vida de Jesus, caracterizada pela abertura e pela obediência a Deus, que Ele chama Pai.(8) Aqui podemos compreender e viver o grande mandamento da obediência libertadora: «Importa mais obedecer a Deus do que aos homens» (Act 5, 29). A obediência a Deus não se separa da obediência à Igreja e aos Superiores.
Nisto ajuda-nos ainda São Maximiliano Maria Kolbe que naquela mesma carta escreveu: "A obediência, e só ela, é aquela que nos manifesta com certeza a vontade divina. É verdade que o superior pode errar, mas quem obedece não erra... [...] Através do caminho da obediência nós superamos os limites da nossa pequenez e conformamo-nos com a vontade divina que nos guia a agir retamente com a sua infinita sabedoria e prudência. Aderindo a esta vontade divina, à qual criatura alguma pode resistir, tornamo-nos mais fortes que todos. Este é o caminho da sabedoria e da prudência, a única via na qual podemos prestar a Deus a máxima glória. [...] Portanto, irmãos, amemos com todas as forças o Pai celeste cheio de amor por nós; e a prova da nossa caridade perfeita seja a obediência, que devemos exercer sobretudo quando nos pede para sacrificar a nossa vontade. Com efeito não conhecemos outro livro mais sublime do que Jesus Cristo Crucificado, para progredir no amor de Deus".(9)
Santo Agostinho atribui à obediência tanta importância, não menos da do amor, da humildade, da sabedoria, que são fundamentais, a ponto que não pode haver amor verdadeiro, humildade sincera, sabedoria autêntica a não ser no âmbito da obediência.(10)
Um Núncio que não vive a virtude da obediência — até quando é difícil e contra a visão pessoal — é como um viajante que perde a bússola, arriscando assim de falhar o objetivo. Recordemos sempre o ditado “Medice, cura te ipsum”. É contratestemunho chamar os outros à obediência e desobedecer.
8 — O Núncio é homem de oração
Aqui parece-me importante recordar-vos mais uma vez as palavras insuperáveis com que São Giovanni Battista Montini, como Substituto da Secretaria de Estado, descrevia a figura do Representante Pontifício: «É aquela de alguém que tem verdadeiramente a consciência de trazer consigo Cristo» (25 de abril de 1951), como o bem precioso a comunicar, a anunciar, a representar. Os bens, as perspetivas deste mundo, acabam por desiludir, impelem a nunca se contentar; o Senhor é o bem que não desilude, o único que não desilude. E isto exige um desapego de nós mesmos, que só podemos alcançar com uma relação constante com o Senhor e a unificação da vida em volta de Cristo. E isto chama-se familiaridade com Jesus. A familiaridade com Jesus Cristo deve ser o alimento quotidiano do Representante Pontifício, porque é o alimento que nasce da memória do primeiro encontro com Ele e porque constitui também a expressão diária de fidelidade à sua chamada. Familiaridade com Jesus Cristo na oração, na Celebração Eucarística — que nunca deve ser descuidada — no serviço da caridade.(11)
Recordemos os Apóstolos, e Pedro que disse: «Não convém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Irmãos, é melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria; confiar-lhes-emos essa tarefa. Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra» (At 6, 1-4). Portanto, a primeira tarefa de cada Bispo consiste em dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra.
O Núncio — e todos nós — sem uma vida de oração, corre o risco de desatender a todos os requisitos supramencionados. Sem a oração, tornamo-nos simples funcionários, sempre insatisfeitos e frustrados. A vida de oração é aquela luz que ilumina tudo o resto, bem como todo o trabalho do Núncio e da sua missão.
9 — O Núncio é homem de caridade ativa
Aqui é necessário reiterar que "a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca com as mãos a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis".(12) Pois "a fé opera pela caridade" (Gl 5, 6).
O Núncio tem a tarefa de interpretar «a solicitude do Romano Pontífice para o bem do país onde desempenha a sua missão; em particular, deve interessar-se com zelo pelos problemas da paz, do progresso e da colaboração entre os povos, em vista do bem espiritual, moral e material de toda a família humana».(13) A ação do Núncio nunca se deve limitar ao exercício de práticas que, não obstante sejam importantes, nunca poderão tornar a sua missão fecunda e frutuosa; por isso, o Núncio deve dedicar-se a obras de caridade, especialmente em prol dos pobres e dos marginalizados: somente assim poderá cumprir plenamente a sua missão e o seu ser pai e pastor.
A caridade é também gratuidade, e eis por que motivo gostaria de vos falar aqui de um perigo permanente, ou seja, o perigo dos privilégios. A Bíblia define iníquo o homem que "aceita subornos às ocultas, para desviar o caminho da justiça" (Pr 17, 23-24), e também o Salmo pergunta: "Senhor, quem poderá habitar no teu santuário?", e responde: quem "não se deixa subornar contra o inocente" (15, 1.5). A caridade ativa deve levar-nos a ser prudentes quando aceitamos presentes que são oferecidos para ofuscar a nossa objetividade e, em certos casos, infelizmente, para comprar a nossa liberdade.
Nunca presente algum de qualquer valor nos deve tornar escravos! Rejeitai presentes demasiado caros e muitas vezes inúteis, ou destinai-os à caridade, e recordai que receber um presente caro nunca justifica o seu uso!
10 — O Núncio é homem de humildade
Gostaria de concluir este decálogo com a virtude da humildade, citando as Ladainhas da humildade, do Servo de Deus Cardeal Rafael Merry del Val (1865-1930), Secretário de Estado e colaborador de São Pio X, um vosso ex-colega:
Ó Jesus, manso e humilde de coração, atendei-me!
Do desejo de ser estimado — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser amado — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser aclamado — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser honrado — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser louvado — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser preferido aos outros — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser consultado — Livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser aprovado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser humilhado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser desprezado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser rejeitado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser caluniado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser esquecido — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser ridicularizado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser injuriado — Livrai-me, Jesus!
Do temor de ser suspeitado — Livrai-me, Jesus!
Que os outros sejam mais amados do que eu — Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam mais estimados do que eu — Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam crescer na opinião do mundo e que eu possa diminuir — Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que aos outros seja concedida mais confiança no seu trabalho e que eu seja deixado de lado — Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam louvados e eu esquecido — Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser preferidos a mim em tudo — Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser mais santos do que eu, contanto que eu pelo menos me torne santo como puder. Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo! (14)
Notas
1. "No que se refere aos Bispos, aos quais é confiada por mandato divino o cuidado das almas nas várias dioceses, o Representante Pontifício tem o dever de ajudar, aconselhar e prestar a sua obra imediata e generosa, com espírito de colaboração fraterna, sempre respeitando o exercício de jurisdição própria dos Pastores" (São Paulo VI, Carta Apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum: AAS 61 [1969], 476).
2. Cf. Scritti di Massimiliano M. Kolbe, vol. I, Florença 1975, 44-46; 113-114.
3. O Núncio tem também "o dever de tutelar, em ação concorde com os Bispos, junto das Autoridades civis do território onde exerce o seu múnus, a missão da Igreja e da Santa Sé. [...] Como enviado do Supremo Pastor das almas, o Representante Pontifício há de promover [...] contactos oportunos entre a Igreja católica e outras Comunidades cristãs, favorecendo relações cordiais com as Religiões não cristãs" (São Paulo vi, Carta Apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum: AAS 61 [1969], 476).
4. Ibidem.
5. Carta Apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum: AAS 61 (1969), 476.
6. Non possiamo tacere. Le parole e la bellezza per vincere la mafia, Piemme 2011, 136.
7. Cf. Enzo Bianchi, Le parole della spiritualità, Rizzoli 1999, 149-152.
8. Cf. F. J. Moloney, Discepoli e profeti, 186.
9. Scritti di Massimiliano M. Kolbe, vol. I, Florença 1975, 44-46; 113-114.
10. Cf. Patrologia, III, Marietti 2000, 432-434; B. Borghini, L’obbedienza secondo S. Agostino, em: “Vita crist.”, 23 (1954), 460-478.
11. Cf. Discurso aos Representantes Pontifícios, 21 de junho de 2013.
12. Mensagem para o I Dia Mundial dos Pobres, 19 de novembro de 2017.
13. São Paulo VI, Carta Apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum: AAS 61 (1969), 476.
14. https://www.corrispondenzaromana.it/lumilta-insegnata-dal-cardinal-merry-del-val/
http://www.vatican.va/