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Ano do Laicato e os cristãos leigos e leigas do Brasil

Como assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, da CNBB, tenho visitado regionais, arquidioceses, dioceses e prelazias de todo o país, assessorando cursos de formação, assembleias e retiros, a partir do Documento 105 da CNBB: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade; sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14)”. Os participantes são, na maioria, cristãos leigos e leigas organizados ou em articulação com o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), pastorais, movimentos, serviços eclesiais, associações laicais nascidas de carismas de ordens ou congregações religiosas, novas comunidades, como também religiosos e religiosas, diáconos e presbíteros.


Essa experiência, muito rica e fecunda, tem demonstrado o potencial enorme que a Igreja tem no Brasil e a urgência de um investimento na formação dos sujeitos eclesiais, especialmente dos cristãos leigos e leigas. Comprova-se, na prática, o que nossos pastores afirmam: “Apesar dos avanços na caminhada da Igreja nas últimas décadas, temos ainda, no campo da identidade, da vocação, da espiritualidade e da missão dos leigos na Igreja e no mundo, um longo caminho a percorrer” (105, 9).


Em tempos de Francisco
O texto inicial, apresentado na Assembleia Geral Ordinária da CNBB em 2014, trazia o conhecimento acumulado e a rica experiência vivida pela Igreja no Brasil desde o início do século XX, especialmente no pós-Concílio Ecumênico Vaticano II, mas com poucas citações do Papa Francisco, ainda no primeiro ano de pontificado. O Texto de Estudos 107 incorporou citações de Francisco na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, homilias na Capela de Santa Marta, alocuções e entrevistas. Já em 2015, o Texto de Estudos 107-A ficou enriquecido com citações da Exortação apostólica Evangelii gaudium e, em 2016, o documento final aprovado incluiu citações da Carta encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum, da Exortação apostólica Amoris laetitia, sobre a alegria do amor na família, dos discursos do papa nos encontros com os movimentos sociais e outros. Esses dados são importantes para entendermos a abrangência do texto do Documento 105 e a sua correta aplicação, pois, afinal, estamos em tempos de Francisco. É como nossos cristãos bispos afirmam no item citado: “Nisso, estamos motivados pela proposta da ‘Igreja em saída’, em chave missionária, como vive, ensina e propõe o Papa Francisco” (105, 9).


O Ano do Laicato
No último item do Documento 105, antes da conclusão, com o título “Compromissos”, nossos pastores assumem: “Antes de concluir este documento, queremos incentivar nossas comunidades a assumirem os seguintes compromissos, que fazemos para melhor apoiar e incentivar a vida e a ação dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”. Entre os compromissos, está: Realizar o Ano do Laicato, comemorando os 30 anos do Sínodo Ordinário sobre os leigos (1987) e da Exortação apostólica Christifideles laici, de São João Paulo II, sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo (1988). Terá como eixo central a presença e a atuação dos cristãos leigos e leigas como “ramos, sal, luz e fermento” na Igreja e na sociedade (CNBB 105, 275 “i”).


Para implementar esse compromisso, foi aprovado que o “Ano do Laicato” teria início na Solenidade de Cristo Rei, em 2017, com o término na Solenidade de Cristo Rei em 2018. Vale lembrar que, por antiga tradição da Ação Católica, no dia de Cristo Rei se celebra também o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas. Trata-se, certamente, de uma oportunidade muito importante para que todos os sujeitos eclesiais e, portanto, a Igreja como um todo, cresçam na sinodalidade, na comunhão e na missão comum a todo o povo de Deus.


É necessário assinalar que nós, cristãos leigos e leigas e, com certeza, também os demais sujeitos eclesiais (leigos e leigas consagrados, religiosos e religiosas, diáconos, presbíteros e bispos), só entendemos, acolhemos e exercemos a nossa identidade, vocação, espiritualidade e missão, na relação com os demais, como membros vivos do mesmo corpo (1Cor 12,13). Não foi por acaso que os nossos bispos aprovaram no item 274, “Indicativos e encaminhamentos de ações pastorais”, letra “c”: Efetivar o processo de participação, dos vários sujeitos eclesiais, contribuindo para a consciência e o testemunho de comunhão como Igreja, tornando regulares as Assembleias Nacionais dos Organismos do Povo de Deus (ANOPD), que vêm sendo realizadas desde 1991 e que reúnem os dirigentes da CNBB, da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), da Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), da Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS) e do CNLB. Falando sobre a “necessidade e a beleza de caminhar juntos”, o Papa Francisco afirma: “O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”.
O Papa Francisco sempre insiste que “Sínodo é o nome da Igreja”! São João Crisóstomo ensinou que “Igreja e sínodo são sinônimos”!


Nesses termos, podemos dizer que um dos primeiros frutos esperados deste “Ano do Laicato”, proposto e realizado por todo o corpo eclesial, é exatamente a tomada de consciência, na prática cotidiana, de que todos juntos somos “Igreja, Corpo de Cristo na história”. Nossos pastores ensinam que: “Assim sendo, os indivíduos na Igreja, mantendo sua subjetividade, possuem uma identidade comunitária, possibilitada e mantida pelo Espírito de Cristo” (105, 103). Ensinam, ainda, que: “A unidade da Igreja se realiza na diversidade de rostos, carismas, funções e ministérios. É importante dar-nos conta desse grande dom da diversidade, que potencializa a missão da Igreja realizada por todos os seus membros, em liberdade, responsabilidade e criatividade” (105, 93). Um pouco à frente, afirmam que: A noção de povo de Deus também chama a atenção para a totalidade dos batizados: todos fazem parte do povo sacerdotal, profético e real. O Vaticano II supera a noção da Igreja como uma estrutura piramidal, começando por apresentar o que nos une – nos capítulos sobre a Igreja mistério e povo de Deus – e só depois o que nos distingue (105, 100).


É necessário lembrar que o que nos distingue não nos separa, pois “há um só corpo” (1Cor 12,12). O que nos distingue está na linha do serviço, no modo de estar presente e atuante no corpo eclesial e presente e atuante a serviço do Reino de Deus no mundo. Essa compreensão e vivência são fundamentais para sermos Igreja e eliminará, inclusive, a grande tentação do clericalismo. Ao mesmo tempo, com o estudo e aprofundamento prático do Documento 105, teremos, como fruto do “Ano do Laicato”, a compreensão e atuação dos cristãos leigos e leigas como “verdadeiros sujeitos eclesiais”: O presente documento tem como perspectiva a afirmação dos cristãos leigos e leigas como verdadeiros sujeitos eclesiais. ... Pretende-se animar a todos os cristãos leigos e leigas a compreenderem a sua própria vocação e missão e a atuarem como verdadeiros sujeitos eclesiais nas diversas realidades em que se encontram inseridos, reconhecendo o valor de seus trabalhos na Igreja e no mundo (105, 10). Mais à frente, apontaremos outros frutos esperados com a realização do “Ano do Laicato”, especialmente em relação aos cristãos leigos e leigas no Brasil.


Eixo central do Ano do Laicato
O texto citado antes, em que assumimos realizar o “Ano do Laicato”, estabelece que “terá como eixo central a presença e a atuação dos cristãos leigos e leigas como ‘ramos, sal, luz e fermento’ na Igreja e na sociedade” (105, 275 “i”). Vejam que se trata tão somente, e isso basta, de acolher, viver e testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo. É ele mesmo que, usando comparações e símbolos da vida concreta do dia a dia, nos chama a permanecer como “ramos na videira” e nos envia como “sal, luz e fermento do Reino no mundo”.


O Documento 105 nos recorda: É importante lembrar que o mesmo Jesus que diz: “Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo”, também ensina: “Eu sou a videira verdadeira (...) e vós, os ramos” (Jo 15,1-8). “A vitalidade dos ramos depende de sua ligação à videira, que é Jesus Cristo: ‘quem permanece em mim e eu nele, dá muito fruto, porque sem mim não podeis fazer nada’ (Jo 15,5)”. Daí a necessidade de pertença a uma comunidade de fé, na qual se alimenta da Palavra de Deus, dos sacramentos e da vida comunitária (105, 14).


Falando sobre o “serviço cristão ao mundo”, nossos bispos constatam: Permanecendo Igreja, como ramo na videira (Jo 15,5), o cristão transita do ambiente eclesial ao mundo civil para, a modo de sal, luz (Mt 5,13-14) e fermento (Mt 13,33; Lc 20,21), somar com todos os cidadãos de boa vontade, na construção da cidadania plena para todos. “Não é preciso ‘sair’ da Igreja para ‘ir’ ao mundo, como não é preciso sair do mundo para ‘entrar’ e ‘viver’ na Igreja.” Os cristãos leigos e leigas são Igreja e como tal vivem sua cidadania no mundo, ou seja, assumem sua missão sem limites e fronteiras, através de sua presença nas macro e microestruturas que compõem o conjunto da sociedade (105, 166-167).


Um pouco à frente, no item “Uma espiritualidade encarnada”, nossos pastores afirmam: A partir de Jesus Cristo, os cristãos leigos e leigas infundem uma inspiração de fé e de amor nos ambientes e realidades em que vivem e trabalham. Em meio à missão, como “sal, luz e fermento”, sempre cheia de tensões e conflitos, buscam testemunhar sua identidade cristã, como “ramos na videira” na comunidade de fé, oração e partilha (105, 185). Até aqui, já podemos ver com clareza a insistência de nossos bispos, fundamentados na Palavra de Deus, em afirmar a nossa condição de ser Igreja, presente e atuante no mundo, na sociedade, na revelação e expansão do Reino de Deus na história.


Continuando com o texto do Documento 105, ainda no item “Uma espiritualidade encarnada”, aprendemos que em sua inserção no mundo, os cristãos leigos são convidados a viver a espiritualidade de comunhão e missão. Comunidade missionária, a Igreja está voltada ao mesmo tempo para dentro e para fora, num movimento de sístole e diástole. A espiritualidade de comunhão e missão tem seu fundamento na comunidade trinitária e no mandamento do amor (105, 193).
O batimento de nosso coração nos mantém vivos, pulsa para dentro e para fora, trazendo o sangue oxigenado pelo pulmão e devolvendo-o para o corpo. Da mesma forma, a comunhão e a missão mantêm vivo o corpo eclesial. Vivemos a comunhão e somos enviados em missão. O Senhor nos diz: “Vinde à comunhão e ide em missão”; vinde, sejais “ramos da videira” e ide, sejais “sal, luz e fermento”. São João Paulo II, na Exortação apostólica Christifideles laici, afirma: “A comunhão é missionária e a missão é para a comunhão” (cf. 32).


Com esses ensinamentos, podemos entender que “Ser cristão, sujeito eclesial, e ser cidadão não podem ser vistos de maneira separada” (105, 164). É como diz São João Paulo II: “Ao descobrir e viver a própria vocação e missão, os fiéis leigos devem ser formados para aquela unidade, de que está assinalada a sua própria situação de membros da Igreja e de cidadãos da sociedade humana” (cf. 59). Completando o n. 164 do Documento 105, vemos que: O Documento de Aparecida, rejeitando este dualismo, ainda presente na mentalidade de muitos, afirma que “a construção da cidadania, no sentido mais amplo, e a construção de eclesialidade nos leigos, é um só e único movimento” e levam os cristãos leigos à comunhão e participação na Igreja e à presença ativa no mundo. O cristão leigo expressa o seu ser Igreja e o seu ser cidadão na comunidade eclesial e na família, nas opções éticas e morais, no testemunho de vida profissional e social, na sociedade política e civil e em outros âmbitos. Busca sempre a coerência entre ser membro da Igreja e ser cidadão, consciente da necessidade de encontrar mediações concretas – quer sejam políticas, jurídicas, culturais ou econômicas – para a prática do mandamento do amor, de forma especial em favor dos marginalizados, visando à transformação das estruturas sociais injustas (105, 164-165).


A formação do laicato
A partir desses ensinamentos, podemos vislumbrar um outro fruto precioso esperado no Ano do Laicato: o fortalecimento da formação de sujeitos eclesiais. O próprio Papa Francisco, falando aos bispos do Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em 2013, asseverou: “É preciso ter a coragem de levar a fundo uma revisão das estruturas de formação e preparação do clero e do laicato da Igreja que está no Brasil”. Isso já vem acontecendo em nosso país e ganhará grande impulso com a realização do Ano do Laicato.


O Documento 105, no 3º capítulo, trata desse assunto: “A formação de sujeitos eclesiais, que implica amadurecimento contínuo da consciência, da liberdade e da capacidade de exercer o discipulado e a missão no mundo, deve ser um compromisso e uma paixão das comunidades eclesiais” (Doc. 105, 229). Lembra que “Também as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil – 2015-2019 enfatizam: ‘A formação dos leigos e leigas precisa ser uma das prioridades da Igreja particular’” (Doc. 105, 240).


Com relação à presença e atuação dos cristãos leigos e leigas como sal, luz e fermento na sociedade, nossos pastores insistem: A Doutrina Social da Igreja é um precioso tesouro que oferece critérios e valores, respostas e rumos para as necessidades, as perguntas, e os questionamentos da ordem social, em vista do bem comum. Fundamentada nas Escrituras, nos Santos Padres, nas encíclicas sociais do Magistério Pontifício, no testemunho de tantos santos e santas, no Concílio Vaticano II e, na América Latina, nas Conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo, Aparecida e agora na Evangelii gaudium, ilumina a dimensão social da fé e a implantação do Reino na sociedade (Doc. 105, 237).
Mas, afinal, quem é responsável pela formação do laicato? O Documento 105 afirma: A comunidade eclesial é responsável pela formação. Aqueles que ocupam funções de direção ou exercem especial responsabilidade no povo de Deus – bispos, presbíteros, diáconos, consagrados e lideranças leigas de um modo geral – são os primeiros responsáveis pelo processo formativo (Doc. 105, 225). 


Certamente, este é um dos serviços aos quais se refere o Papa Francisco: “A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço está uma minoria: os ministros ordenados” (EG, n 102).
Em síntese, podemos dizer que os responsáveis pela formação devem:
– formar e capacitar, em quantidade e qualidade, “o sal, a luz e o fermento”; formação bíblica e teológica, teórica e vivencial, em todos os campos da vida e ação;
– garantir que estes, “sal, luz e fermento”, estejam presentes e atuantes em todos os âmbitos da sociedade;
– cuidar para que os “ramos” permaneçam na videira, oferecendo retiros de espiritualidade, melhorando as celebrações litúrgicas, especialmente as homilias. 
O Papa Francisco, na Evangelii gaudium, dedica muitas páginas à homilia (cf. EG 135-175).


A organização do laicato
O Ano do Laicato, cujo tema é “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”, e o lema: “Sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14), tem como objetivo geral: “Como Igreja, povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”.
O Documento 105 traz, no 3o capítulo, um subtítulo sobre “a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil”. É um brevíssimo resumo a partir do início do século XX, passando pela Ação Católica nos anos 40 e 50 e, especialmente, no pós-Concílio Vaticano II. As CEBs, Pastorais Sociais, Movimentos, Serviços Eclesiais, Associações Laicais e, ultimamente, as Novas Comunidades (cf. 105, 201-224).


No item 209, nossos pastores nos recordam: “Nos anos de 1970, como fruto do Concílio Vaticano II, na Igreja no Brasil, criou-se, como organismo de articulação do laicato, o então Conselho Nacional dos Leigos (CNL), hoje Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB)”. No item 211, ratificam: A Conferência Episcopal expressou o reconhecimento dessa articulação do laicato brasileiro em suas Diretrizes e Planos quadrienais desde as Diretrizes – 1975-1978 (CNBB, Doc. 4). ... Essa organização é fundamental para o exercício da missão com todos os seus desafios. Na evangelização do mundo de hoje há questões às quais só os cristãos leigos organizados oficialmente podem dar respostas como Igreja inserida no mundo. O Documento de Aparecida destaca: “Reconhecemos o valor e a eficácia dos conselhos paroquiais, conselhos diocesanos e nacionais de fiéis leigos, porque incentivam a comunhão e a participação na Igreja e sua presença ativa no mundo” (Doc. 105, 211).


No Documento 62 da CNBB, nossos pastores afirmam: “É desejável que em sua missão os cristãos leigos, superando eventuais divisões e preconceitos, busquem valorizar suas diversas formas de organização, em especial os conselhos de leigos em todos os níveis” (Doc 62, 191). Completando, prosseguem: Em 2004, a CNBB aprovou o novo estatuto do CNLB, em conformidade com o Direito Canônico, como uma Associação Pública de Fiéis. ... Além de ser um organismo de comunhão, o CNLB tem por objetivo criar e apoiar mecanismos de formação e capacitação que ajudem o laicato a descobrir sua identidade, vocação, espiritualidade e missão, com vistas à construção de uma sociedade justa e fraterna, sinal do Reino de Deus (Doc. 105, 213).


Nos itens sobre a “liberdade, autonomia e relacionalidade”, nossos pastores ensinam que: A Igreja é a comunhão de libertos para uma vida nova, para o serviço, em harmonia e respeito. ... O processo de autonomia de ação e organização do laicato se realiza no interior da comunidade eclesial e, portanto, na comunhão com os demais membros e seus pastores. A propósito, o Documento de Santo Domingo recomenda: “Promover os conselhos de leigos, em plena comunhão com os pastores e adequada autonomia, como lugares de encontro, diálogo e serviço, que contribuam para o fortalecimento da unidade, da espiritualidade e organização do laicato” (Doc 105, 126-127).


No subtítulo 2 do 1o capítulo, os cristãos bispos apontam alguns “avanços e recuos” na caminhada histórica de maior consciência da identidade e da missão dos cristãos leigos e leigas a partir do Concílio Vaticano II. Entre os avanços destacam: “A criação do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), bem como de conselhos de leigos nos regionais e dioceses do país, marca um grande avanço” (Doc 105, 25). Coerentes com essa constatação, no subtítulo “Compromissos”, assumem: “Criar e/ou fortalecer os conselhos regionais e diocesanos de leigos e oferecer indicativos em vista da elaboração de seus próprios regimentos” (Doc 105, 275 “f”).


Nesse sentido e com essa esperança, podemos afirmar que outros frutos abençoados deste Ano do Laicato serão os Conselhos Nacionais do Laicato do Brasil – CNLBs, fortalecidos na comunhão e na missão, organizados em todos os âmbitos eclesiais. Felizes as dioceses que têm um laicato cristão maduro e organizado!


Certamente, outros tantos frutos serão colhidos a partir deste Ano do Laicato, à medida que aumenta a consciência da identidade, vocação, espiritualidade e missão de todos os sujeitos eclesiais, crescerá também o relacionamento dos cristãos leigos e leigas entre si e destes com os consagrados e com a hierarquia. O corpo todo será beneficiado, pois, como diria São Paulo, “se um membro cresce, todo o corpo cresce”!


Enfim, como ensina São Paulo, “Deus, por meio de seu poder, que age em nós, pode realizar muito mais do que pedimos ou imaginamos” (Ef 3,20) e, sabendo que “o Senhor sempre ultrapassa as nossas expectativas” (Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face), neste Ano do Laicato, fecundará muitos outros frutos para a glória de Deus e salvação da humanidade.


Texto publicado em Grupo de Reflexão da Comissão Episcopal de Pastoral para o Laicato da CNBB, Sujeitos eclesiais; sal da terra e luz do mundo. São Paulo: Paulinas.

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