Ciberteologia em clima de comemorações do seu 10º aniversário | Editorial | Ciberteologia - Revista de Teologia e Cultura

EDITORIAL

A Edição 49 de Ciberteologia inaugura o 10º aniversário deste periódico totalmente on-line que surgiu, em 2005, como uma novidade na área de teologia e cultura. Ao entrar em 2015, a revista já pode celebrar, entre outras conquitas, a marca de 2 milhões de acesso, mantendo uma média de 40 mil acessos por edição – sem contar outros itens como páginas visitadas, downloads feitos, tempo de permanência no portal etc.


Este ano celebrativo coincide com o centenário da Congregação responsável por esta revista e pela Editora Paulinas, a Pia Sociedade Filhas de São Paulo – Irmãs Paulinas –, fundada em 15 de junho de 1915, em Alba, na Itália, pelo Bem-aventurado padre Tiago Alberione com a colaboração de irmã Tecla Merlo.


Abrimos as comemorações com uma seleta de artigos e notas que tiveram origem nas comunicações científicas do 1º Simpósio Internacional do Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências da Religião da PUC-SP, o Simpósio Internacional Entre o Lúdico e o Religioso: A religião nas interfaces do esporte e da festa popular. O evento teve lugar em junho de 2014. O primeiro artigo, de Marcos Vinícius de Souza Verdugo, As religiões afro-brasileiras: uma revisão bibliográfica, aborda o desenvolvimento desses estudos através da análise bibliográfica do que foi produzido ao longo dos anos desde seu início no fim do século XIX. Partindo daquele que é considerado o seu ponto inicial, Nina Rodrigues, até as mais recentes pesquisas, busca-se apresentar as linhas de pesquisa, escolas e metodologias que estabeleceram o estado epistemológico deste campo de estudo.


Em seguida, Corrado Dalmonego, em “Reahu: dança, canto e comida no jogo simbólico de alianças e tensões: Elementos etnográficos para a analise de um ritual yanomami”, apresenta alguns elementos etnográficos e uma analise de três sequências rituais do reahu, a grande cerimônia multicomunitária yanomami. A análise feita busca evidenciar como três sequências rituais realizadas durante o reahu apresentam simbolicamente aspectos aparentemente paradoxais da interação humana: a acolhida e a ameaça, a aliança e a tensão, para reafirmar que a permanência da sociedade comporta o reconhecimento da complementaridade e a suspensão temporária do antagonismo.


Em Folias católicas em Montes Claros (MG): ritual e devoção em meio à globalização, Luciano Cândido e Sarmento, a partir de uma inserção etnográfica, busca apontar dados acerca das influências da atual modernização da sociedade nos rituais destes grupos, pois, diante dos processos de mercantilização da sociedade e difusão de novas tecnologias, os grupos de folia perdem referências simbólicas importantes. Grupos religiosos passam a ocupar novos espaços, às vezes desvinculados do domínio central da esfera espiritual, ganhando o status de artístico, cultural ou folclórico.


Carlos Antonio Braga de Souza, em O Culto à Virgem Maria e o naturalismo da Pintura Renascentista afirma que o século XV na Europa assistiu uma consolidação do naturalismo, dos estudos relativos à natureza, ao cosmos, a uma revisão do mapa geográfico, modificando o desenho da Terra. Seu artigo aponta para uma série de temas centrados no ícone da Virgem Maria, um assunto polêmico discutido nos concílios da igreja católica.


“Tia Lula trancada a chave”: observação sobre religião no Quilombo “Brotas” em Itatiba-SP, de José Antonio Boareto, investiga o Quilombo Brotas, localizado na cidade de Itatiba-SP, propondo-se a uma reflexão de caráter intuitivo a partir da análise de um detalhe encontrado em campo. Tia Lula era a mãe-de-santo desta comunidade negra, já falecida, metáfora do sagrado expresso pela sua presença ancestral e resignificada no espaço físico da tenda de umbanda atualmente desativada. A observação do processo de desativação da tenda é o detalhe que o autor apresenta neste artigo, utilizando para tanto, uma hermenêutica por meio de uma possível análise em torno da compreensão de metáfora em Paul Ricouer e os estudos da linguagem em Dan Stever, Van Buren e E. Cassirer. Oferece ainda uma possível leitura interpretativa e metafórica da tenda desativada em chave bastidiana.


Na seção de Notas os leitores poderão desfrutar das seguintes comunicações: “Viva Nossa Senhora do Rosário!” – Uma festa de pretos em Mogi das Cruzes – SP, de Heloisa Constantino; Miguilim, de Campo Geral, e João Guimarães Rosa: um diálogo entre a personagem e seu criador, de Marlene Duarte Bezerra e Carlos Alberto Tolovi; A Interação entre o Lúdico e o Religioso no Método Educativo de Dom Bosco, de Osmar Hércules Padovan; Ateísmo contemporâneo e celebração da ética do bem-estar: elementos festivos da espiritualidade atéia, de Clarissa De Franco; Futebol e Religião: Fronteiras e Interfaces entre duas paixões nacionais, de Leonardo Gonçalves de Alvarenga; Fundamentalismo em diálogo com Saramago e Júlio de Queiroz, de Diógenes Braga Ramos; e O jogo da vida: uma introdução ao método lúdico-ambital de Alfonso López Quintás, de Maria Cecília Mendia.
Então, compete-nos desfrutar do número, pois as comemorações apenas começaram.
Um proveitoso 2015 a todos.

Dr. Afonso M. Ligorio Soares - Editor

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