Espiritualidade e Teologia | Editorial | Ciberteologia - Revista de Teologia e Cultura

EDITORIAL

É uma alegria poder oferecer-lhe mais um número de Ciberteologia, sempre fiéis no intuito de facilitar ao leitor interessado no estudo e na pesquisa um acesso mais amplo a textos relevantes que cobrem o espectro temático da ciência teológica. A seção de Artigos abre-se com o estudo inédito “O uso de parthenos em Is 7,14 no contexto septuagíntico e nos escritos de Eusébio“, de Milton L. Torres, Joabe Soares da Silva e Robson M. Pereira da Rocha, após cuidadosa análise dos três grupos interpretativos em que se divide a erudição bíblica quanto ao sentido do termo parthenos em Is 7,14, conclui ser possível afirmar que parthenos possui um sentido de virgindade estrita, e seu uso pode ser uma tradução feita de um texto hebraico mais primitivo que o Texto Massorético.


O texto de Giuseppe Barbaglio – “Jesus, criador de ficções narrativas: as parábolas” – é a segunda e última parte do 9º capítulo de Jesus, hebreu da Galiléia: pesquisa histórica, obra de próxima publicação no Brasil por Paulinas Editora. Discute os relatos de Jesus, com seus motivos temáticos, personagens das histórias e os sentimentos dos protagonistas, esclarecendo a “história” representada do Deus de Jesus. “Thomas Merton, um precursor da espiritualidade da libertação“, artigo inédito de Getúlio Antônio Bertelli, é uma introdução ao pensamento de Thomas Merton (1915-1968), um dos mais conhecidos mestres de espiritualidade do século XX. Defende que sua importância consiste no fato de ter unido mística e compaixão, seguimento de Jesus e profecia, oração e ação, tornando-se, assim, um dos precursores da teologia e da espiritualidade da libertação. Nas palavras de Lawrence Cunningham, um dos maiores peritos da obra mertoniana: “Num sentido muito real, Thomas Merton foi um teólogo da libertação avant la parole".


Também inédita é a comunicação de Gilberto Orácio de Aguiar, “Negros malês: a religiosidade islâmica atualizada no Instituto Cultural Steve Biko“. O autor pretende realizar um paralelo entre a presença islâmica negra no Brasil através dos malês e a busca por cidadania do Instituto Cultural Steve Biko, de Salvador, como expressão da liberdade da comunidade afro-brasileira. O Instituto Cultural Steve Biko, por meio do pré-vestibular para afro-descendentes e outras atividades educacionais, procura resgatar a história cultural dos povos africanos trazidos para o Brasil.


Na seção de Notas, trazemos desta vez três reflexões inéditas. Dois textos são do psicanalista José Neivaldo de Souza. O primeiro, “Direito do cidadão de portar armas?“, é uma tomada de posição motivada pela chacina de Blacksburg (Virgínia, EUA), na qual o atirador “coreano”  Cho Seung-Hui matou 32 pessoas no campus universitário. O segundo, “Anorexia: filosofia da morte social” é uma reflexão ética sobre o caso de Ana Carolina R. Macan, a modelo de 21 anos que morreu, há alguns meses, vítima de anorexia. Para o autor, podemos certamente pensá-la como morte social. Ainda nessa seção, o psicólogo Edgar Faya oferece-nos em “Cálice – pequenas notas em prol da teologia da libertação” uma contribuição para tentar superar alguns mal-entendidos sobre a teologia da libertação. Um deles é considerar que sua base seja a teoria marxista. Diz o autor que essa teoria é apenas um instrumento que pode ou não ser usado sem que seu abandono deite por terra a prática dessa teologia. Para Faya, é a compreensão da manifestação do divino na existência aquilo que sustenta uma atuação da teologia da libertação na vida concreta. Trata-se de um mistério de mão dupla, surgido no necessário e conseqüente Novo Testamento.


Completam esta 13ª edição as já conhecidas seções Espiritualidade, Nas fontes da Bíblia e Teologia aberta, além das Resenhas. E de novo renovamos o convite a pesquisadores e autores com escritos originais afins com o nosso projeto editorial: podem enviar-nos seus trabalhos (artigos, notas, resenhas), desde que atendam a nossas normas de publicação. Aos articulistas deste número, mais uma vez queremos manifestar nosso agradecimento por sua competente colaboração.


Afonso Maria Ligorio Soares - Redator-Geral

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